Vitruviana
Performance, 2018
IMITAR PERMANECER MODIFICAR TECER
Performance realizada na segunda Residência Artífice, que aconteceu em janeiro de 2018 na Casa Tombada/SP.
A partir de uma renda sol, que estava montada em um grande bastidor num cômodo da casa, me vi projetada dentro do bastidor como o homem vitruviano. No diálogo com o espaço da casa, os participantes da residência e meu objeto de estudo nesse momento: os fios que me sustentam, realizei a performance: VITRUVIANA.
Texto poético que compõe a mulher vitruviana
Ela queria ser igual ao homem vitruviano, proporções exatas, medidas harmônicas, porte atlético. Mas não passava de uma mulherzinha magrela, mediana e um pouco sem graça, pernas ligeiramente tortas para dentro, ancas largas de cinco gestações e dois partos, cintura fina – seu único ponto alto -, seios pequenos e flácidos, braços compridos demais, mãos e cabeça pequenas. A medida áurea não cabia nela.
Talvez fosse melhor não cumprir medida alguma , assim poderia pegar a linha do quadrado e fazer dele um retângulo, uma pirâmide, um hexaedro, uma curva sinuosa que pudesse contornar seu corpo arrombado de parir, seu seio caído de amamentar, seu ventre úmido de lavar roupas.
Nessa dança de círculos, quadrados, triângulos, hipotenusas, teoremas e hipóteses, descobriu que sua geometria era mesmo outra, era traçada a partir de afetos e cuidados, em (des)compasso com a falta e afazeres domésticos, essa rotina sem fim que sabes qualquer dona de casa. Suas medidas foram construídas em terreno de imanência, quimeras e solidões. Era contorno em vazio. Era?
VITRUVIANA
2018
Performance
15 metros de cano PVC e barbante preto
45 minutos de duração
Casa Tombada/SP
Residência Artífice
Coordenação: Nina Veiga
Fotos: Flávio Rosa